Seca na Amazônia revela pinturas de milhares de anos que estavam escondidas

Por conta da maior seca da Amazônia em 100 anos, as gravuras em forma de rostos humanos submersas nas paredes rochosas do sítio arqueológico e geológico das Lajes, em Manaus, voltaram a aparecer. Localizadas na região do Encontro das Águas, a última vez em que elas ficaram visíveis foi na seca de 2010. Continue a leitura, a seguir, e saiba mais detalhes sobre a descoberta.

Por conta da maior seca da Amazônia em 100 anos, as gravuras em forma de rostos humanos submersas nas paredes rochosas do sítio arqueológico e geológico das Lajes, em Manaus, voltaram a aparecer. Localizadas na região do Encontro das Águas, a última vez em que elas ficaram visíveis foi na seca de 2010. Continue a leitura, a seguir, e saiba mais detalhes sobre a descoberta.
Seca na Amazônia revela pinturas de milhares de anos que estavam escondidas. — Foto: Reprodução / Amazônia Real

Tesouros revelados

Na região do Encontro das Águas, no sítio arqueológico e geológico das Lajes, à margem do rio Negro, em Manaus, um fenômeno intrigante tem ocorrido.

Gravuras representando rostos humanos, que estiveram ocultas por muitos anos, voltaram a surgir, impressionando observadores. Segundo especialistas, a última vez que as figuras foram vistas foi em um período de seca de 13 anos atrás. Siga a leitura e entenda mais detalhes sobre esta incrível história.

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“Rostos humanos” de até 2 mil anos na Amazônia

Especialistas acreditam que essas gravuras, também conhecidas como petróglifos, podem ter até 2.000 anos de idade.

O sítio das Lajes é uma joia arqueológica, sendo o primeiro local em Manaus a ser registrado no Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos (CNSA) pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

No entanto, ao longo dos anos, parte dessas antigas representações foi perdida devido à ação humana e à falta de medidas de preservação adequadas.

Um enigma no coração da Amazônia

Os petróglifos nas Lajes não se limitam a rostos humanos; nas paredes rochosas, também são encontradas imagens de animais, representações de águas e vestígios de oficinas líticas, indicando que as ferramentas para criar essas gravuras eram fabricadas no local.

Comparando estilos e características com outros sítios arqueológicos da região, como o sítio Caretas no rio Urubu, arqueólogos conseguiram estimar a idade dessas representações. Ainda assim, datar gravuras rupestres é um desafio complexo.

No entanto, há indícios de que essas figuras foram criadas por populações indígenas que habitavam a área há milênios, concentrando-se nas proximidades do Encontro das Águas.

Mistério das Lajes: gravuras submersas e secas na Amazônia

O mistério em torno das gravuras das Lajes é ampliado pelo fato de que, ao contrário de outros sítios, elas estão submersas em água na maior parte do tempo. Sua aparição repentina em tempos de seca é intrigante.

A seca de 2023 na Amazônia é considerada a mais severa em mais de um século, o que ressalta as complexas interações entre mudanças climáticas e a ação humana na região.

Gravuras milenares

O arqueólogo Eduardo Goes Neves destaca a importância do sítio das Lajes, que, infelizmente, permanece pouco estudado e ameaçado por projetos, como o Porto das Lajes. Quando as gravuras emergiram em 2010, especulações iniciais sobre sua antiguidade apontavam para 4.000 anos ou mais.

No entanto, estudos mais recentes, como os realizados pela arqueóloga Marta Sara Cavallini no sítio Caretas, indicam que essas figuras têm cerca de mil anos. Esse enigma continua a desafiar pesquisadores e a levantar questionamentos sobre a história pré-colonial da Amazônia.

Degradação de patrimônio histórico

O arqueólogo Carlos Augusto Silva lamenta a degradação constante do sítio arqueológico ao longo dos anos.

Ele próprio, nos primórdios da década de 70, quando trabalhava na extração de tijolos de uma olaria nas proximidades, presenciava o desconhecimento e a negligência em relação à importância do local.

Em 2021, já na posição de arqueólogo, ele participou de uma missão de resgate que resultou na recuperação de dois artefatos notáveis: um alguidar e uma parte de uma urna funerária. Ambos estão agora sob os cuidados da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).

Outro impacto significativo sobre o sítio ocorreu durante as obras do Programa Águas de Manaus (Proama), promovido pelo governo do Amazonas, que visava a construção da Estação de Captação de Água das Lajes, na Zona Leste da cidade.

Na época, a obra foi iniciada sem medidas de salvaguarda e foi interrompida por determinação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para a remoção de determinados objetos do sítio, a fim de evitar que fossem destruídos pela terraplanagem.

*Com informações do portal Amazônia Real

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