Decisão da Justiça pode sinalizar o FIM para Uber e 99? Entenda a notícia

Uber é condenada na Justiça – Um julgamento recente da 4ª Vara do Trabalho de São Paulo abriu as portas para um debate que poderá redefinir a estrutura do mercado de aplicativos de transporte no Brasil. O resultado: uma indenização bilionária que a Uber deverá pagar e uma decisão que pode sacudir as bases da economia de plataforma. Com as cartas na mesa, o cenário é incerto tanto para a empresa quanto para seus motoristas e também para o setor de transporte como um todo.

Decisão da Justiça pode sinalizar o FIM para Uber e 99? Entenda a notícia
A decisão judicial determinou que a Uber pague uma indenização de R$ 1 bilhão e contrate seus motoristas nos termos da CLT. Crédito: @jeanedeoliveirafotografia / noticiadamanha.com.br

Sentença contra a Uber

A sentença foi proferida pelo juiz Maurício Pereira Simões em resposta a uma ação civil pública iniciada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), especificamente pela Procuradoria Regional do Trabalho da 2ª Região. O juiz determinou que a Uber terá de pagar uma indenização por danos morais coletivos no montante de R$ 1 bilhão. No entanto, chama a atenção o fato de que a verba proveniente da indenização não será repassada diretamente aos motoristas. Em vez disso, 90% do valor será alocado no Fundo de Amparo ao Trabalhador. Os 10% restantes vão para as associações de motoristas de aplicativos que possuam registro formal.

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A ação teve origem após uma denúncia da Associação dos Motoristas Autônomos de Aplicativos (AMAA) e versava sobre as condições de trabalho oferecidas pela Uber aos motoristas. O magistrado concluiu que a empresa operava de forma dolosa em sua relação com os profissionais, negligenciando deveres em diversas frentes, que vão desde questões trabalhistas até aspectos ligados à previdência, saúde e assistência.

O juiz Maurício Pereira Simões também foi além e estabeleceu uma penalidade diária de R$ 10 mil para cada motorista não registrado conforme a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). A empresa tem um prazo de seis meses, contados a partir do momento em que a decisão transite em julgado, para regularizar a situação. Do seu lado, a Uber já anunciou que irá recorrer da decisão, classificando a sentença como uma “aberração jurídica”, alegando que vai contra a jurisprudência estabelecida em casos semelhantes.

Impacto e desdobramentos

Mas o impacto dessa decisão poderá ser sentido muito além da Uber. O cenário é de incerteza sobre se esta sentença estabelecerá um novo precedente jurídico ou se será tratada como uma exceção. Isso porque a decisão pode desencadear uma revisão completa de como as empresas de economia de plataforma interagem com seus colaboradores. O debate também está aberto sobre o futuro da Uber no Brasil. Existe a possibilidade de a empresa retirar suas operações do país, o que poderia afetar não apenas os milhares de motoristas cadastrados, mas toda a dinâmica do setor de transporte nacional.

No contexto mais amplo, essa decisão judicial pode ser um marco na discussão sobre os direitos dos trabalhadores na era digital. Com a gigante do transporte por aplicativo tendo que revisitar suas práticas e políticas, outras empresas que operam modelos de negócios semelhantes podem ser forçadas a fazer o mesmo. O caso chama a atenção para a urgência de se atualizar as leis trabalhistas para abarcar as particularidades da economia de plataforma, uma realidade cada vez mais presente, mas ainda nebulosa no campo jurídico.

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