“Minha religião não permite”: trabalhador pode se recusar a atuar aos sábados

Religiões e denominações, como a Igreja Adventista do Sétimo Dia, o Islamismo e o Judaísmo Ortodoxo, consideram o sábado como um dia sagrado, onde é proibido trabalhar ou realizar atividades específicas. Mas como isso afeta o trabalhador que segue essas crenças? Eles têm o direito de recusar o trabalho? No Brasil, não há uma legislação específica que obrigue os empregadores a dispensar os funcionários nos sábados. No entanto, a Constituição Federal assegura a liberdade religiosa como um direito fundamental. Entenda como o trabalhador pode buscar seus direitos trabalhistas, logo abaixo.

Religiões e denominações, como a Igreja Adventista do Sétimo Dia, o Islamismo e o Judaísmo Ortodoxo, consideram o sábado como um dia sagrado, onde é proibido trabalhar ou realizar atividades específicas. Mas como isso afeta o trabalhador que segue essas crenças? Eles têm o direito de recusar o trabalho? No Brasil, não há uma legislação específica que obrigue os empregadores a dispensar os funcionários nos sábados. No entanto, a Constituição Federal assegura a liberdade religiosa como um direito fundamental.
Entenda o que diz a lei se trabalhador se recusar a trabalhar aos sábados. | Foto: Pexels / Pixabay

A religião x o trabalho

Algumas religiões, como a Igreja Adventista do Sétimo Dia, o Islamismo e o Judaísmo Ortodoxo, observam o sábado como um dia sagrado, onde é proibido trabalhar ou realizar atividades. Mas como isso afeta os profissionais que seguem essas crenças? Eles têm o direito de recusar o trabalho?

No Brasil, não há uma legislação específica que obrigue os empregadores a dispensar os funcionários nos sábados. No entanto, a Constituição Federal assegura a liberdade religiosa como um direito fundamental. Entenda como o trabalhador pode buscar seus direitos trabalhistas, logo abaixo.

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Liberdade Religiosa e Direitos Trabalhistas

O professor de direito da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Paulo Renato Fernandes da Silva, destaca que a negociação entre empregador e empregado, preferencialmente durante a contratação, é de fundamental importância.

Silva enfatiza que é possível chegar a um acordo sobre a questão. Compensação de horas ao longo da semana ou ajustes nos dias de trabalho são opções negociáveis. O professor ressalta a importância da flexibilidade nesses casos.

Resolvendo nos tribunais

Caso o empregador se recuse a dispensar o funcionário nos sábados por razões religiosas, o funcionário tem o direito de recorrer judicialmente. Se o empregado ainda estiver empregado, o juiz buscará uma solução amigável. Se a recusa resultar em demissão, o funcionário pode buscar indenização por danos morais.

Além do ambiente de trabalho, situações como provas e vestibulares que ocorrem aos sábados também podem ser alvo de ações judiciais. O poder judiciário pode ser acionado para ajustar datas e horários em casos de motivação religiosa.

O significado do sábado nas religiões

Origem bíblica do dia sagrado

Religiões como o Judaísmo, Adventismo do Sétimo Dia e Islamismo consideram o sábado um dia sagrado, influenciadas pelo Antigo Testamento da Bíblia. A crença está fundamentada no relato da criação, onde Deus teria descansado no sétimo dia após criar o mundo em seis dias.

De acordo com Edin Sued Abumanssur, professor de Ciência da Religião na PUC-SP, durante o período sabático, que vai do pôr do sol de sexta-feira ao pôr do sol de sábado, os fiéis dedicam-se à reflexão e comunhão com Deus. Em algumas religiões rigorosas, atividades como cozinhar, esforço físico e entretenimento são evitadas nesse dia.

Proteções para praticantes religiosos

Em 2019, uma lei foi sancionada no Brasil permitindo que estudantes faltem a aulas e provas devido a motivos religiosos. A reposição das aulas ou provas deve ocorrer sem custos adicionais, seja através de reposições ou trabalhos escritos.

Mudanças em Concursos e Provas

A Justiça também tem intervindo para proteger os direitos religiosos. O Supremo Tribunal Federal (STF) determinou em 2020 que datas e horários de concursos podem ser ajustados caso o candidato apresente motivação religiosa.

Com essas mudanças, os direitos religiosos ganham mais respaldo legal e os praticantes têm mais ferramentas para assegurar a observância de suas crenças no contexto profissional e educacional.

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