Alunos terão que estudar mais Matemática e Português no Ensino Médio

Matérias do Ensino Médio – Em meio a um turbilhão de debates e incertezas em relação ao futuro do ensino médio no Brasil, o governo Lula prepara um projeto de lei destinado a endereçar os desafios existentes na educação brasileira. Com um horizonte repleto de questionamentos, divergências e preocupações, o Ministério da Educação (MEC) busca promover mudanças significativas. Mas o que exatamente está em jogo? E como essas alterações podem afetar milhões de estudantes em todo o país? A seguir, desvendaremos os pormenores dessa questão.

Alunos terão que estudar mais Matemática e Português no Ensino Médio
O novo ensino médio está passando por mudanças para resolver problemas na implementação. Crédito: @jeanedeoliveirafotografia / noticiadamanha.com.br

Mudanças no Ensino Médio?

Para compreender o contexto, é essencial destacar que a revogação do novo ensino médio pressionou o governo Lula a tomar medidas práticas. Com a intenção de resolver os problemas que surgiram na implementação do novo formato, que mobilizou estudantes, educadores e especialistas, o MEC delineou um projeto de lei, cuja minuta foi antecipada pela Folha de S.Paulo no último dia 4.

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O projeto propõe mudanças marcantes como o aumento da carga horária comum a todos os estudantes, o que implicará em mais conteúdo de disciplinas tradicionais como português e matemática, e a redução da quantidade de linhas de aprofundamento. Atualmente, existem quatro áreas de aprofundamento para escolha dos alunos, além do ensino técnico, que possui baixa oferta no país. Com a proposta do MEC, o número será reduzido para duas, além do ensino técnico, e a carga horária dessa parte diversificada também será diminuída.

Uma questão que causou estranhamento entre as entidades envolvidas no debate foi a apresentação da minuta sem a apresentação prévia de dados consultados com alunos e professores, e sem consenso com esses atores. Isso gerou uma reação negativa entre membros do Conselho Nacional de Educação (CNE) e da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes). A veracidade das informações foi confirmada em uma reunião com o ministro Camilo Santana e sua equipe, embora o MEC não tenha se pronunciado formalmente até a publicação do texto.

As mudanças sugeridas estão relacionadas ao modelo de ensino médio estabelecido em 2017 pelo governo Temer. Essa reforma definiu que parte da carga horária seria escolhida pelos estudantes para aprofundamento em áreas de maior interesse, sendo 60% para disciplinas regulares e 40% para optativas dentro de cinco grandes áreas do conhecimento. No entanto, desde que esse formato se tornou obrigatório em 2022, reportagens da Folha de S.Paulo relataram problemas, como reclamações dos estudantes quanto à perda de tempo em disciplinas tradicionais, conteúdos desconectados do currículo e falta de opções de itinerários em algumas escolas.

A nova proposta do MEC procura resolver esses problemas, sugerindo a ampliação da parte comum e a redução da parte diversificada, renomeando-a como “percursos de aprofundamento”. A nova configuração passaria a ter 80% da carga horária comum, ou seja, 2.400 horas, e 20% para os percursos de aprofundamento, cujas opções seriam reduzidas para duas além do ensino técnico.

Discussões sobre a proposta

As discussões acerca das propostas incluem demandas por uma parte comum menor e mais debate sobre os percursos. Secretários de educação e outras entidades manifestaram preocupação em relação à reformulação dos currículos para se adequarem às mudanças.

O Enem não será afetado pelas mudanças antes de 2025, mantendo seu formato atual até 2024. As alterações propostas devem ser enviadas ao Congresso até o início de setembro e, se aprovadas, deverão ser implementadas nas escolas públicas e privadas do país, impactando cerca de 7 milhões de estudantes, 85% dos quais estão matriculados em escolas das redes estaduais de ensino.

O debate sobre as mudanças no ensino médio reflete a complexidade e a importância de uma educação de qualidade e equitativa. Com o avanço do projeto de lei, o Brasil espera dar um passo significativo na direção de um ensino médio mais robusto e eficaz, que atenda às necessidades dos estudantes e contribua para o desenvolvimento educacional do país. O futuro do ensino médio está em jogo, e os olhos da nação estão voltados para o desenrolar dessa questão fundamental.

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