Teste físico para entrar na PM e nos Bombeiros: o que é preciso? Veja os detalhes

Recentemente, um rapaz de 25 anos teve um mau súbito durante o teste de aptidão física (TAF) do concurso para soldado da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, e o incidente virou tema de debate sobre o riscos do teste físico e o que é preciso para se preparar melhor, além dos cuidados para saber se o candidato está apto para este tipo de prova. Saiba mais detalhes abaixo.

Teste físico para entrar na PM e nos Bombeiros: o que é preciso? Veja os detalhes
Corrida com duração de 12 minutos é um dos testes do TAF | Foto: Dulcey Lima / Reprodução: Unsplash

Hora de testar o físico

O teste de aptidão física, mais conhecido como TAF, avalia se os candidatos possuem condições físicas adequadas para desempenhar as funções previstas para vagas oferecidas em concursos da polícia militar e do corpo de bombeiros. Os exercícios cobrados no teste de caráter eliminatório podem variar conforme o edital de cada concurso, mas costumam incluir atividades como barra fixa, abdominais e corrida.

E foi justamente na prática do TAF que um trágico incidente nessa última semana marcou o concurso para soldado da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, realizado em Campo Grande (MS), onde um jovem de 25 anos chamado Arthur Matheus Martins Rosa passou mal e faleceu durante a avaliação física.

Quais são as regras

É importante destacar que no Brasil não há uma lei federal que estabeleça regras padrão para os testes de aptidão física em concursos públicos. Sendo assim, os critérios do exame são definidos de acordo com as normas de cada estado e com as diretrizes presentes no edital específico do concurso.

Em entrevista ao g1, o advogado Renan Freitas, especialista em concursos públicos, destaca que a única regra geral é que o TAF só pode ser exigido se estiver previsto em lei ou nos estatutos que determinam os requisitos de ingresso em cada cargo público. Por exemplo, para se tornar policial militar, o exame físico é uma das exigências.

É ressaltado também que as provas de um concurso público devem estar em conformidade com a natureza e complexidade do cargo ou emprego, de acordo com o artigo 37 da Constituição Federal. Por esse motivo, o exame físico não pode ser aplicado em concursos para cargos burocráticos, como técnico administrativo, por exemplo.

Cabe a cada estado estabelecer suas próprias regras para os testes de aptidão física, como é o caso do Distrito Federal, onde existe uma lei que proíbe a aplicação do teste entre as 11h e 15h devido às condições climáticas adversas.

O TAF é uma etapa eliminatória e, em alguns casos, também pode ter caráter classificatório, conforme as normas do concurso específico. Caso um candidato seja reprovado no teste e identifique alguma irregularidade na aplicação da prova, é possível recorrer administrativamente ou até mesmo entrar com ação judicial.

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O exame físico em Mato Grosso do Sul

O teste de aptidão física no concurso para soldado da Polícia Militar de MS, do qual Arthur fazia parte, exigia que os candidatos homens cumprissem três exercícios: corrida de 2.400 metros em até 12 minutos, flexão de braços e extensão de membros superiores na barra fixa com um mínimo de 5 repetições e 32 repetições de flexão abdominal. O edital estipulava que os candidatos deveriam apresentar um atestado médico com no máximo 15 dias de antecedência da data do teste e recomendava uma boa noite de sono, alimentação adequada, além de evitar o consumo de bebidas alcoólicas ou substâncias químicas.

Câmera de monitoramento registra o momento em que candidato desmaia durante TAF
Câmera de monitoramento registra o momento em que candidato desmaia durante TAFA. | Foto: Reprodução.

Entenda os riscos e cuidados

Quanto à questão do risco envolvido nos testes físicos, o advogado Renan Freitas explica que a corrida de 2.400 metros, na qual Arthur passou mal, é um exercício comum aplicado em testes de aptidão física, baseado no “teste de Cooper”, que avalia a capacidade cardiorrespiratória pela distância percorrida em 12 minutos. Renato Pelaquim, diretor executivo do departamento de educação física da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP), afirma que esse tipo de exercício não é considerado de risco, mas ressalta a importância de estar adequadamente preparado para realizá-lo.

Condições desfavoráveis

Em relação às condições climáticas, o TAF no qual Arthur participou ocorreu sob sol forte e baixa umidade do ar, resultando em 20 pessoas necessitando de atendimento médico em quatro dias de realização. O profissional de educação física, Renato Pelaquim, alerta que atividades físicas realizadas em temperaturas elevadas exigem mais do sistema cardíaco, podendo causar desidratação e estresse adicional no organismo. Ele recomenda estar bem hidratado antes e durante as atividades, alimentar-se pelo menos 30 minutos antes do exercício, utilizar protetor solar e roupas confortáveis, preferencialmente com proteção UV.

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