Hackers decidem criar redes sociais focadas no “BEM”; como funciona?

Redes sociais criadas por hackers – Em um universo onde a cibersegurança e a privacidade de dados são cada vez mais valiosas, o inusitado aconteceu: hackers, até então conhecidos por desenvolverem ferramentas para invasão e roubo de dados, mudaram o jogo. O grupo Cult of the Dead Cow, que ficou famoso por sua atuação na distribuição de ferramentas de hacking, decidiu criar aplicativos que protegem, ao invés de violar, a segurança dos usuários. Eles estão trabalhando em uma rede social e aplicativo de mensagens que não armazenam dados pessoais, um feito notável que pode remodelar o cenário do ciberespaço.

Hackers decidem criar redes sociais focadas no
Hackers têm o conhecimento para desenvolver aplicativos seguros que respeitem a privacidade dos usuários em redes sociais. Foto: divulgação

Hackers querem proteger suas informações nas redes

Chamada de Veilid, essa nova estrutura de codificação criada pelos ex-hackers é uma promessa revolucionária para os desenvolvedores de aplicativos. A iniciativa se inspira em produtos gratuitos já conhecidos pela segurança robusta, como o Signal, que proporciona uma forte criptografia para mensagens de texto e chamadas de voz, e o Tor, que permite uma navegação anônima na internet através do roteamento do tráfego por uma série de servidores para camuflar a localização do usuário.

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Os criadores de Veilid têm o objetivo de desenvolver ferramentas que não coletem dados dos usuários, além de proporcionar uma navegação segura e livre de rastreamento. A proposta de uma plataforma livre de coleta de dados, porém, tem como desafio convencer programadores e engenheiros a projetarem aplicativos compatíveis.

A ausência de coleta de dados limita potenciais fontes de receita, como a distribuição de anúncios direcionados. Contudo, a equipe por trás de Veilid aposta que a inovação possa atrair pessoas descontentes com o atual modelo de redes sociais, que coletam e usam os dados dos usuários para fins lucrativos. Essa proposta, que subverte a lógica das grandes plataformas digitais, conta com o respaldo de ativistas dos direitos civis que condenam o uso policial de mensagens enviadas por texto e pelo Facebook.

Passo importante

O lançamento de Veilid marca um importante passo do Cult of the Dead Cow, reconhecido como o grupo de hackers mais antigo e influente dos Estados Unidos. A plataforma tem como objetivo ajudar pessoas com poucos recursos financeiros a terem acesso às mesmas comunicações seguras que bilionários e especialistas. Segundo Katelyn Bowden, uma das responsáveis pelo projeto, a ideia é devolver o poder aos usuários, dando-lhes o controle sobre seus próprios dados.

Um dos principais desafios na criação de Veilid é lidar com a moderação de conteúdo, um assunto que tem sido debatido amplamente devido à propagação de notícias falsas e discursos de ódio em plataformas como o antigo Twitter e o Facebook. Como a criptografia completa impedirá que os moderadores vejam interações potencialmente prejudiciais, ainda são necessários ajustes antes de a tecnologia entrar efetivamente em funcionamento.

A trajetória do Cult of the Dead Cow, que foi de criar ferramentas de hacking para a construção de um ambiente digital seguro, é um exemplo eloquente de como o cenário de segurança cibernética está em constante evolução. A promessa de Veilid, caso se torne realidade, pode representar uma mudança significativa no modo como interagimos na internet, priorizando a segurança e a privacidade dos usuários acima de tudo.

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