A extinção do DPVAT deixa vítimas de acidentes de trânsito em situação vulnerável, exigindo alternativas para garantir proteção e indenização
A revogação do DPVAT e do seu substituto, o SPVAT, trouxe profundas mudanças no sistema de proteção às vítimas de acidentes de trânsito no Brasil.
Desde 2020, quando o DPVAT foi extinto, o seguro obrigatório deixou de garantir indenizações em casos de morte, invalidez ou despesas médicas, colocando milhares de pessoas em situação de vulnerabilidade.
Agora, com a confirmação do fim do SPVAT, aprovado em 2024 e revogado antes mesmo de entrar em vigor, as vítimas dependem de seguros privados ou enfrentam a possibilidade de judicialização para obter reparação financeira.
Essa transição representa um desafio para o país, que registra altos índices de acidentes e demanda soluções urgentes para a proteção de seus cidadãos.
Mudanças significativas na proteção de vítimas de trânsito
A extinção do Seguro Obrigatório de Danos Pessoais causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres (DPVAT), oficializada em 2020, e a recente revogação do substituto SPVAT, aprovado no início de 2024, criaram um cenário de insegurança para vítimas de acidentes de trânsito.
Com essa decisão, pessoas envolvidas em colisões podem enfrentar dificuldades para obter indenizações ou coberturas que antes eram garantidas pelo seguro obrigatório.
A ausência do DPVAT traz impactos diretos, especialmente em um país com altos índices de acidentes de trânsito. De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil registra anualmente cerca de 30 mil mortes no trânsito e mais de 200 mil feridos graves.
Diante desse cenário, a proteção às vítimas torna-se uma questão urgente, mas agora depende exclusivamente de alternativas privadas ou processos judiciais.
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A insegurança causada pelo fim do seguro obrigatório
Sem o DPVAT ou o substituto SPVAT, as vítimas de acidentes de trânsito que necessitam de indenização enfrentam duas possibilidades principais.
A primeira é contar com seguros privados que incluam cobertura para terceiros e despesas médicas. A segunda é buscar compensação por meio da judicialização, processando os responsáveis pelo acidente.
Essa nova realidade exige atenção redobrada dos motoristas e proprietários de veículos. Contratar seguros que incluam cláusulas específicas para danos a terceiros é uma medida essencial para evitar complicações legais e financeiras em caso de acidentes.
Caso contrário, as vítimas poderão não receber nenhuma assistência, o que aumenta a vulnerabilidade de pessoas sem recursos para custear tratamentos médicos ou lidar com invalidez temporária ou permanente.
Razões econômicas e políticas na extinção do DPVAT
A extinção do DPVAT está diretamente ligada a questões econômicas e administrativas. Criado para oferecer cobertura universal em casos de acidentes, o DPVAT acumulou problemas de gestão ao longo dos anos, incluindo denúncias de fraudes e desvio de recursos.
Entre 2013 e 2018, a arrecadação anual caiu de R$ 8 bilhões para R$ 4,6 bilhões, conforme dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep).
Embora o SPVAT tenha sido proposto como uma solução para os problemas estruturais do DPVAT, sua implementação enfrentou resistência política.
Governadores de estados como São Paulo, Minas Gerais e Goiás rejeitaram a ideia, argumentando que ela representaria aumento de custos para os proprietários de veículos e seria ineficiente.
Opções disponíveis para motoristas e vítimas de acidentes
Com o fim do DPVAT, é essencial buscar alternativas para garantir proteção em caso de acidentes. Confira as principais opções disponíveis:
- Seguros privados: Contratar um seguro que inclua cobertura para terceiros, despesas médicas e invalidez pode evitar complicações legais e financeiras. É importante verificar as cláusulas do contrato e garantir que ele abranja acidentes de trânsito.
- Educação e conscientização: Investir em campanhas de conscientização e na prevenção de acidentes é fundamental para reduzir o impacto dessa mudança. Iniciativas como uso de cinto de segurança e respeito aos limites de velocidade ajudam a minimizar os riscos.
- Judicialização: Para vítimas sem acesso a seguros, processar os responsáveis pelo acidente pode ser a única alternativa para buscar reparação. No entanto, esse processo pode ser demorado e não garante resultados imediatos.
Consequências sociais da ausência de proteção obrigatória
A ausência do seguro obrigatório pode agravar a situação de quem depende de assistência para lidar com as consequências de um acidente.
Muitas vítimas utilizavam o DPVAT para cobrir despesas médicas, garantir uma indenização em caso de invalidez ou auxiliar famílias em casos de morte. Sem essa proteção, grupos vulneráveis, como ciclistas e pedestres, podem ser os mais prejudicados.
Além disso, a judicialização das indenizações sobrecarregará o sistema judiciário. Especialistas alertam que o tempo necessário para resolver processos desse tipo pode inviabilizar o acesso rápido a recursos indispensáveis para tratamentos médicos ou reabilitação.
A necessidade de novas políticas públicas para o trânsito
Embora o governo tenha revogado a recriação do SPVAT como parte de um pacote fiscal, a discussão sobre a proteção de vítimas de trânsito deve continuar. O Brasil enfrenta desafios significativos no trânsito, e a falta de políticas públicas claras pode agravar os impactos sociais dessa decisão.
Iniciativas de entidades como a Associação Nacional dos Detrans (AND) destacam a importância de investir em educação no trânsito e na prevenção de acidentes.
Além disso, especialistas sugerem que o poder público deve encontrar alternativas para garantir assistência às vítimas, seja por meio de novos fundos ou de parcerias com o setor privado.
A responsabilidade de motoristas e do poder público
O novo cenário exige maior responsabilidade dos motoristas, que devem garantir seguros adequados e adotar práticas preventivas no trânsito.
Enquanto isso, o poder público precisa buscar soluções sustentáveis para assegurar que vítimas de acidentes tenham acesso a suporte financeiro e médico em momentos críticos.