A polêmica do Bolsa Família: o que impede o governo de controlar apostas?

O governo federal informou recentemente a dificuldade em criar ações efetivas para impedir o uso do Bolsa Família nas apostas online.

O Bolsa Família é reconhecido como o maior programa de transferência de renda do Brasil, destinado a apoiar famílias em situação de vulnerabilidade. Mensalmente, o benefício paga um mínimo de R$ 600 por família, podendo ser mais de acordo com a composição.

Contudo, surge uma questão importante: é possível para o governo federal controlar como os beneficiários utilizam o dinheiro, especialmente em apostas esportivas?

Este dilema tem gerado intensos debates no seio do Poder Executivo e até no Supremo Tribunal Federal (STF), já que, recentemente, descobriu-se que boa parte das arrecadações iam para as bets.

O governo está encontrando dificuldades em dominar o uso do Bolsa Família nas apostas online.
O governo está encontrando dificuldades em dominar o uso do Bolsa Família nas apostas online. / Crédito: @jeanedeoliveirafotografia / noticiadamanha.com.br

Governo está tendo dificuldade em controlar o uso do Bolsa Família em apostas

Recentemente, a Advocacia-Geral da União (AGU) divulgou um parecer que expõe as dificuldades enfrentadas pelo governo para implementar medidas que impeçam a utilização dos recursos do Bolsa Família em apostas.

O documento foi uma resposta a uma decisão do STF que exigia a criação de mecanismos para evitar que o dinheiro destinado ao sustento das famílias fosse desviado para atividades de risco, como jogos de azar.

No seu parecer, a AGU argumenta que:

  • As contas associadas ao Bolsa Família recebem depósitos de diversas fontes, não sendo exclusivas do benefício.
  • Não há como o governo microgerenciar cada gasto das famílias para rastrear a destinação dos recursos.
  • É inviável para o governo compartilhar a lista de beneficiários com as casas de apostas.
  • Mesmo que os cartões de débito fossem bloqueados, ainda assim seria possível realizar pagamentos via PIX ou cartões pré-pagos que também podem ser alimentados com dinheiro do Bolsa Família.

Embora seja louvável e necessária a preocupação com a situação econômica de indivíduos e famílias vulneráveis, a adoção de medidas imediatas enfrenta barreiras práticas de difícil superação, tornando essencial o esclarecimento do acórdão recorrido.

AGU

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A decisão de Lula sobre o Bolsa Família

Como era de se esperar, o presidente Lula teve a palavra final sobre a questão e, segundo informações de bastidores, decidiu não tomar nenhuma ação imediata. Inicialmente, havia a expectativa de que o governo pudesse cancelar o uso do cartão de débito do Bolsa Família para apostas, mas esse plano não será implementado neste momento.

A avaliação do governo é que quaisquer ações neste sentido poderiam estigmatizar os beneficiários do programa. Em vez disso, o foco está nas medidas já em andamento pelo Ministério da Fazenda, que incluem a proibição do uso de cartões de crédito e o fechamento de mais de 2 mil casas de apostas. A expectativa é de que essas iniciativas gerem resultados positivos em breve.

Os ministros também estão atentos ao comportamento do mercado nas próximas semanas. Se os dados indicarem que um número significativo de beneficiários do Bolsa Família ainda estiver usando os recursos para apostas, novas medidas poderão ser consideradas.

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O que os beneficiários do Bolsa Família podem fazer?

Diante da decisão do governo de não restringir o uso do dinheiro recebido por meio do Bolsa Família, os beneficiários têm liberdade para utilizar os recursos como desejarem, inclusive em apostas esportivas. Entretanto, especialistas em psicologia e finanças alertam que as apostas não devem ser encaradas como uma forma viável de enriquecimento, seja a curto ou longo prazo.

Essa discussão ressalta a importância de um olhar crítico sobre o uso dos recursos do programa e a necessidade de conscientização entre os beneficiários sobre os riscos associados ao jogo. O papel do governo, ao mesmo tempo em que se preocupa com a proteção econômica das famílias vulneráveis, também deve incluir medidas educativas e preventivas para evitar que os recursos sejam mal utilizados.

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