O que esperar dos preços no Brasil? Veja o que sobe e o que fica mais barato

Nos últimos dias, foram divulgados importantes indicadores da economia brasileira. Entre sinais de crescimento e preocupações, o Produto Interno Bruto (PIB), emprego e a Bolsa de Valores se destacam como pontos de otimismo. Por outro lado, especialistas alertam para os desafios de controlar os gastos públicos e a inflação do Brasil. Vamos analisar os pontos de destaque e de atenção na economia atual.

mas primeiro, é importante entender que o PIB do Brasil cresceu 1,4% no segundo trimestre de 2024, superando as expectativas do mercado e posicionando o país como um dos líderes globais no período.

Esse é o 12º trimestre consecutivo de alta no PIB, o que sinaliza um bom ritmo de recuperação. Na comparação anual, a economia apresentou crescimento de 3,3%, e o acumulado em quatro trimestres já soma 2,5%.

Especialistas ressaltam que boa parte desse desempenho positivo foi impulsionado por investimentos, que registraram alta de 2,1%. Esses investimentos são fundamentais para sustentar o crescimento no longo prazo, pois criam uma base sólida para a economia.

Cenário econômico atual motivos para otimismo e alertas para o futuro do Brasil; confira os que os especialistas falam.
Cenário econômico atual motivos para otimismo e alertas para o futuro do Brasil; confira os que os especialistas falam – foto: noticiadamanha.com.br.

O otimismo no Brasil atinge os preços dos produtos?

Economistas mais otimistas acreditam que o PIB brasileiro pode crescer cerca de 3% até o final de 2024.

Contudo, alguns analistas alertam para o fato de que esse crescimento precisa ser acompanhado por mais investimentos para evitar que o aumento do consumo gere inflação.

O economista André Perfeito, em entrevista à GloboNews, enfatizou que o crescimento atual é positivo, mas demanda cuidado para que não se dissipe de forma inadequada.

Você precisa saber disso:

Inflação e juros: desafios à vista

Embora o PIB esteja em alta, a população ainda sente o peso dos preços elevados. Após a pandemia, a inflação superou o aumento da renda, e isso impacta diretamente o poder de compra.

Apesar disso, em agosto de 2024, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou uma leve deflação de 0,02%, a primeira do ano.

No entanto, o Banco Central continua atento. Com a inflação acumulada em 12 meses alcançando 4,24%, próxima ao teto da meta de 4,5%, a instituição já considera a possibilidade de aumentar os juros. Esse movimento, segundo especialistas, visa controlar o aumento da demanda e evitar uma nova pressão inflacionária.

O economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, explicou que, quando a renda aumenta, como no caso de ajustes no salário mínimo e nos benefícios sociais, a demanda por produtos cresce rapidamente. Se a oferta não acompanhar, a inflação pode voltar a subir, levando o Banco Central a tomar medidas para frear o consumo.

Emprego em alta, nas com riscos

Outro ponto positivo no cenário econômico atual é a queda no desemprego. A taxa de desemprego no Brasil foi de 6,8% no trimestre encerrado em julho, a menor desde 2014. Essa melhoria no mercado de trabalho reflete o aquecimento da economia e a criação de novas vagas.

Entretanto, especialistas alertam que a combinação de emprego em alta e crescimento econômico pode gerar inflação, caso a demanda aumente sem que haja um correspondente aumento na produção.

Essa preocupação foi levantada por André Perfeito, que destacou que a recuperação do emprego precisa ser acompanhada de investimentos para evitar que a demanda excessiva cause novos aumentos de preços.

Gastos públicos e rombo fiscal: o calcanhar de Aquiles do Brasil

Se, por um lado, o crescimento econômico e o aumento do emprego são motivos de otimismo, por outro, o controle dos gastos públicos continua sendo um desafio.

O governo ainda enfrenta dificuldades para reduzir o déficit fiscal. Apesar de prometer zerar o déficit em 2024, a projeção atual indica um rombo de R$ 28 bilhões.

Os gastos previdenciários, que são corrigidos pelo salário mínimo, são um dos principais fatores de pressão no orçamento. Estima-se que as despesas com a previdência social aumentem em R$ 71,1 bilhões em 2025, elevando o total para R$ 923 bilhões.

O economista Raul Velloso afirmou que o crescimento atual pode ser apenas temporário, se o governo não controlar os gastos excessivos. Ele destacou que, enquanto o governo não resolver o problema da previdência, os investimentos continuarão limitados, o que prejudica o crescimento sustentável da economia.

Recorde na Bolsa de Valores

O mercado financeiro brasileiro também apresentou sinais de otimismo. Em agosto, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, atingiu o recorde de 136.464 pontos.

Esse aumento foi impulsionado pela expectativa de que o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, inicie um ciclo de cortes na taxa de juros americana, o que atrairia mais investimentos para países emergentes, como o Brasil.

De acordo com André Perfeito, a alta da bolsa reflete a melhora nas condições econômicas, com queda no desemprego e aumento do salário médio. Ele afirmou que o mercado de ações se beneficia do otimismo em torno de um cenário econômico mais favorável.