Na moda, mas quais são os perigos dos anabolizantes?

Esteroides anabolizantes já são conhecidos no mundo do fisiculturismo há décadas e se tornaram febre nas academias, principalmente com o preocupante surgimento da nova cultura da beleza, onde redes sociais exigem corpos e aparências perfeitas. No entanto, o uso desses medicamentos ilegais pode trazer sérios riscos à saúde do ser humano, segundo especialistas. Acompanhe a leitura abaixo e saiba mais detalhes.

Esteroides anabolizantes já são conhecidos no mundo do fisiculturismo há décadas e se tornaram febre nas academias, principalmente com o preocupante surgimento da nova cultura da beleza, onde redes sociais exigem corpos e aparências perfeitas. No entanto, o uso desses medicamentos ilegais pode trazer sérios riscos à saúde do ser humano, segundo especialistas. Acompanhe a leitura abaixo e saiba mais detalhes.
Na moda, mas quais são os perigos dos anabolizantes? — Foto: Reprodução / Freepik

Uma explosão no seu corpo

O uso indiscriminado de anabolizantes tem se tornado uma questão preocupante nos últimos tempos. Embora muitos busquem aprimorar sua aparência física e desempenho atlético, os perigos associados a essas substâncias não podem ser subestimados.

A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem) alerta para o aumento dessa prática, a destacando não apenas como um problema de saúde individual, mas também uma preocupação de saúde pública. Continue lendo a seguir e entenda tudo sobre os riscos do seu uso.

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A essência dos anabolizantes, hormônios e esteroides

Para entendermos a gravidade do uso de anabolizantes, é essencial desvendar a natureza dessas substâncias. Anabolizantes, em sua forma mais simples, são compostos que participam da construção de células no organismo, abrangendo desde gorduras até músculos.

Surpreendentemente, alguns alimentos que ingerimos diariamente, como macarrão e carne, fornecem substâncias com potencial anabolizante, como glicose e aminoácidos. Hormônios anabolizantes, produzidos naturalmente pelo corpo, desempenham um papel determinante no processo anabólico, promovendo o aumento da massa muscular.

Entre eles, o hormônio do crescimento (GH) e a testosterona, muitas vezes referida como “hormônio masculino”, desempenham funções vitais, não apenas nos homens, mas também nas mulheres.

Esteroides, por sua vez, são substâncias produzidas no organismo a partir do colesterol, incluindo o cortisol, a testosterona, a progesterona (conhecida como “hormônio feminino”) e a vitamina D. É bom deixar claro que até então estamos falando de substâncias naturalmente produzidas pelo corpo.

No entanto, é crucial destacar a existência de esteroides anabolizantes sintéticos, fabricados em laboratório, representando um lado mais perigoso dessas substâncias. Entenda mais detalhes a seguir.

Os principais tipos de esteroides anabolizantes

Os esteroides anabolizantes sintéticos, como Androxon, Durateston, e Oxandrolona, estão disponíveis em várias formas, desde injeções intramusculares até comprimidos e cápsulas.

Embora o uso sob prescrição médica seja considerado seguro para tratar problemas de saúde específicos, é importante ressaltar que o Conselho Federal de Medicina (CFM) proibiu recentemente a prescrição dessas substâncias para fins estéticos.

Em entrevista ao Uol, a Dra. Giovanna Carpentieri, médica endocrinologista e metabologista, alerta para a presença inadvertida de esteroides anabolizantes em medicamentos manipulados, destacando a importância da conscientização sobre o que estamos ingerindo.

Entenda como os esteroides agem no seu corpo

O entendimento de como os esteroides anabolizantes sintéticos interagem com o corpo é crucial para compreender os riscos associados a essas substâncias.

Ao circularem no sangue, esses esteroides agem como se fossem testosterona, mas com uma diferença significativa: não repõem o hormônio naturalmente fabricado pelos testículos ou ovários.

O Dr. Fabrício Buzatto, médico do esporte e fisiatra do Hospital das Clínicas da Ufes, explica que esses medicamentos foram desenvolvidos com a testosterona como base.

No entanto, em comparação ao hormônio natural, os esteroides sintéticos oferecem um efeito anabólico maior do que o efeito androgênico, responsável pelo desenvolvimento de características masculinas.

Isso significa que, com o uso desses esteroides sintéticos, é possível potencializar resultados como ganho de massa muscular, perda de gordura e melhora da saúde óssea com doses relativamente baixas.

Os perigos por trás do uso de anabolizantes

O uso indiscriminado de anabolizantes não está isento de perigos, começando pela insegurança dos produtos adquiridos ilegalmente.

A obtenção desses esteroides sem receita médica leva muitos usuários a recorrerem a produtos de procedência desconhecida, podendo ser falsificados, misturados com substâncias tóxicas ou até mesmo destinados ao uso veterinário, o que agrava ainda mais os riscos, considerando que esses produtos não foram testados em humanos.

A combinação indiscriminada de anabolizantes com substâncias que supostamente “cortam” os efeitos colaterais também contribui para ampliar os perigos ao organismo.

O Dr. Clayton Luiz Dornelles Macedo, endocrinologista e médico do esporte do Instituto Cohen, destaca a prática comum de utilizar testosterona exógena aliada ao clomifeno, visando estimular os testículos.

No entanto, essa combinação pode potencializar efeitos colaterais, como o aumento do risco de tromboembolismo.

Enfrentando as consequências

O uso indiscriminado de anabolizantes pode desencadear uma série de problemas em diferentes partes do corpo, desde o sistema nervoso central até alterações físicas. Entender esses impactos é fundamental para conscientizar sobre os reais riscos associados a essa prática.

  • Sistema Nervoso Central: O uso de anabolizantes está associado a um aumento da irritabilidade, comportamento agressivo e dependência química. O Dr. Macedo alerta para uma dependência psicológica e física, comparável à abstinência de opioides. Além disso, destaca a possibilidade de atrofia do córtex cerebral, aumentando o risco de déficit cognitivo e demência;
  • Fígado: O fígado é um órgão especialmente vulnerável ao uso indiscriminado de anabolizantes. O risco de hepatite medicamentosa, câncer e insuficiência hepática é significativo. Esteroides de uso oral, como dianabol e oxandrolona, podem sobrecarregar o fígado, causando um efeito hepatotóxico elevado;
  • Rim: O uso de anabolizantes pode afetar o funcionamento dos rins, levando a quadros como nefrite, inflamação aguda ou crônica e até insuficiência renal;
  • Sistema cardiovascular: As repercussões no sistema cardiovascular são sérias, incluindo a diminuição do colesterol HDL (“bom”) e o aumento do colesterol LDL (“ruim”). Isso eleva significativamente o risco de infarto, acidente vascular cerebral (AVC) e morte súbita. Além disso, a Sociedade Brasileira de Hipertensão alerta para o aumento da pressão arterial, outro fator de risco para eventos cardíacos;
  • Feridas no local da aplicação: O local onde o anabolizante é aplicado pode apresentar sensibilidade, dor, vermelhidão, lesões, pus e infecções. Esses problemas são mais prevalentes quando se trata de substâncias clandestinas, aumentando o risco de infecções sistêmicas graves, sepse e morte;
  • Alterações físicas: O uso indiscriminado de anabolizantes pode resultar em diversas alterações físicas, incluindo o aumento da produção de pelos, acne, queda de cabelo, crescimento da mama (ginecomastia), atrofia do testículo em homens e alterações no clitóris e engrossamento da voz em mulheres;
  • Infertilidade: A atrofia testicular decorrente do uso crônico de anabolizantes pode levar à não produção de espermatozoides, resultando em infertilidade masculina;
  • Tumores: Há um aumento significativo do risco de desenvolver câncer de fígado e pâncreas, entre outros;
  • Impotência sexual: A atrofia nos testículos, associada à interrupção do uso de anabolizantes, pode levar a uma queda nos níveis de testosterona, resultando em falta de libido e impotência sexual.

É fundamental ressaltar que não há acompanhamento médico que garanta segurança no uso de esteroides anabolizantes para fins estéticos ou de performance, sem uma real necessidade clínica.

Além disso, os efeitos colaterais podem se manifestar independentemente da dose utilizada, alerta o Dr. Clayton Macedo.

Suplementos não são anabolizantes

É essencial diferenciar claramente os suplementos alimentares dos anabolizantes. Muitas vezes, essa distinção não é clara para iniciantes na musculação.

Suplementos, como proteínas, creatina, carboidratos e vitaminas, são projetados para complementar as necessidades nutricionais que podem não ser atendidas apenas através da alimentação.

Esses produtos são regulamentados pela Anvisa e considerados seguros quando utilizados com moderação e orientação profissional.

Ao contrário dos anabolizantes, os suplementos não representam uma “bomba” de riscos à saúde. Sua utilização responsável, aliada a uma dieta equilibrada, pode contribuir para melhorar a performance e os resultados nos treinos, sem os perigos associados aos esteroides.

Riscos concretos, conscientização necessária

Em conclusão, o uso indiscriminado de anabolizantes representa uma ameaça séria à saúde individual e coletiva. A busca incessante por padrões estéticos muitas vezes leva a escolhas prejudiciais, comprometendo órgãos vitais e gerando efeitos colaterais irreversíveis.

A conscientização sobre os reais riscos associados ao uso de anabolizantes é crucial. É imperativo que, como sociedade, promovamos uma abordagem mais saudável e informada em relação à busca pelo corpo ideal.

A educação sobre os perigos inerentes ao uso dessas substâncias é a chave para preservar a saúde pública e individual, construindo uma sociedade mais consciente e saudável.

*Com informações do Uol.

Assista ao vídeo abaixo e saiba mais detalhes sobre os perigos causados pelo uso de anabolizantes.

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