Tem gente comendo lagartixa; veja por que faz mal

Ao redor do mundo, as diversificadas culturas podem influenciar até mesmo nos hábitos alimentares das pessoas, fazendo com que insetos e animais exóticos virem verdadeiras iguarias. No Brasil, um caso recente em que um garoto consumiu carne de lagartixa levantou a questão sobre a segurança ou não na ingestão do pequeno animal. Continue lendo a seguir e entenda mais detalhes sobre o que dizem especialistas.

Ao redor do mundo, as diversificadas culturas podem influenciar até mesmo nos hábitos alimentares das pessoas, fazendo com que insetos e animais exóticos virem verdadeiras iguarias. No Brasil, um caso recente em que um garoto consumiu carne de lagartixa levantou a questão sobre a segurança ou não na ingestão do pequeno animal. Continue lendo a seguir e entenda mais detalhes sobre o que dizem especialistas.
Entenda o que dizem especialistas em saúde sobre a segurança ou não em se consumir carne de lagartixa. — Foto: Reprodução / Pexels

Alimentação diferente

Um caso recente ocorrido na cidade de Formosa, no entorno do Distrito Federal, chamou a atenção para os riscos envolvidos em se consumir a carne de um animal que, até então, pouco se sabia sobre os riscos de ingeri-lo. Um menino de 11 anos foi hospitalizado três vezes após consumir lagartixa frita.

Especialistas destacam os perigos associados ao consumo de lagartixas, um hábito que, apesar de não ser comum, pode trazer sérias consequências para a saúde. Mesmo não sendo consideradas venenosas, esses pequenos répteis podem abrigar diversos patógenos, resultando em infecções gastrointestinais e reações adversas.

Acompanhe a leitura abaixo e entenda o que se sabe sobre a segurança ou não do consumo da carne de lagartixa por humanos.

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Consumo de lagartixa e seus riscos, segundo especialistas

Em entrevista ao g1, Carlos Roberto Abrahão, analista ambiental do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Répteis e Anfíbios (RAN), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), esclarece que, a princípio, as lagartixas não representam uma ameaça à saúde.

No entanto, a ingestão desses animais sem os devidos cuidados pode resultar em sérios problemas, onde o preparo inadequado pode levar à contaminação por bactérias nocivas, desencadeando desde infecções até reações alérgicas.

Ricardo Dias, professor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP), destaca a presença de diversos patógenos que podem infectar répteis.

Alguns desses patógenos podem não causar sintomas nos animais, tornando-os portadores e capazes de contaminar outros hospedeiros, incluindo humanos.

O cuidado com possíveis reações

Em casos de contaminação por fungos e bactérias presentes nas lagartixas, as reações podem ser variadas. A salmonela, por exemplo, pode levar a quadros graves de cólica, diarreia, náusea, vômitos e até mesmo resultar em morte.

A gastroenterologista e hepatologista pediátrica Ana Carolina Calhau alerta para a possibilidade de reações alérgicas devido a proteínas específicas presentes na carne desses répteis.

Além disso, a reação alérgica ou intoxicação pode ocorrer por outro motivo intrigante: a lagartixa, como predadora de insetos, pode se alimentar de espécies doentes ou envenenadas. Assim, consumir o animal sem a devida higienização pode representar uma terceira via de infecção.

É importante ressaltar que algumas contaminações não estão relacionadas apenas ao consumo da carne. As fezes das lagartixas também podem ser fontes de contaminação, podendo transmitir doenças. Portanto, os cuidados com alimentos crus também são fundamentais.

Afinal, é seguro comer carne de lagartixa?

Antes de considerar o consumo, é importante compreender a questão legal. As espécies nativas são protegidas pela Lei dos Crimes Ambientais de 1998, enquanto a lagartixa de origem africana não está sujeita a essa legislação.

Em algumas regiões e comunidades, o consumo de carne de répteis, como teiú, camaleão e jacaré, é comum. No entanto, a carne de lagartixa, assim como outras, requer cuidados no preparo.

É recomendado lavar meticulosamente as mãos antes e depois do preparo, remover pele, cabeça e órgãos internos do animal. A higienização adequada é essencial para evitar contaminações superficiais, e ferver a carne antes do preparo final pode eliminar bactérias e protozoários.

Paulo Olzon, médico infectologista da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), destaca a importância de conhecer a procedência da carne para reduzir as chances de contaminação.

Apesar dos cuidados, os especialistas concordam que a orientação geral é evitar o consumo da carne de lagartixa, dada a falta de conhecimento nos cuidados adequados e os diversos riscos de contaminações.

*Com informações do g1.

Assista ao vídeo abaixo e saiba algumas curiosidades sobre a lagartixa, bem como os benefícios de tê-las por perto!

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