Contaminação! Grande cerveja retirada de circulação pela Anvisa; caso ficou marcado

Quando uma empresa falha em atender as exigências da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), as consequências podem ser da retirada de determinado produto da marca das prateleiras a até mesmo desfechos mais graves, como a interdição temporária ou definitiva de sua fábrica e demais locais onde seus produtos são feitos. Como foi o caso de uma cervejaria muito popular no país, fabricada em Minas Gerais. Saiba mais detalhes sobre o caso ocorrido em 2020 logo abaixo e como está o processo atualmente.

Quando uma empresa falha em atender as exigências da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), as consequências podem ser da retirada de determinado produto da marca das prateleiras a até mesmo desfechos mais graves, como a interdição temporária ou definitiva de sua fábrica e demais locais onde seus produtos são feitos. Como foi o caso de uma cervejaria muito popular no país, fabricada em Minas Gerais.
Anvisa fechou as portas da cervejaria Backer há três anos. | Foto: Reprodução

Grande marca, grandes problemas

Em janeiro de 2020, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciava a interdição de cervejas da famosa marca mineira Backer, cuja data de validade fosse igual ou posterior a agosto de 2020. A decisão se deu após análises apontarem contaminação em algumas cervejas. No portal da Anvisa, a instituição expôs mais detalhes que foram divulgados pelo G1.

“A decisão da Agência veio após uma nova divulgação de análises feitas pelo Ministério da Agricultura, que comprovou a contaminação pelas substâncias monoetilenoglicol e dietilenoglicol em 21 lotes de oito marcas diferentes de cerveja da empresa”, informou a Anvisa no dia 17 de janeiro de 2020.

Segundo a reportagem do portal, substâncias proibidas foram encontradas na cerveja Belorizontina, que era vendida como Capixaba no Espírito Santo. Dez mortes por intoxicação após o consumo da cerveja foram confirmadas, e outras milhares de pessoas ficaram internadas na ocasião.

Ainda naquela época, o Ministério da Agricultura havia determinado o recolhimento de todas as cervejas da Backer das prateleiras. A notícia assustou muitos consumidores que compravam com regularidade a bebida e ainda tinham o produto denunciado em suas geladeiras.

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O retorno em 2022 e a multa milionária

Segundo o G1, a responsável pela marca Backer, a Cervejaria Três Lobos Ltda, havia sido liberada para produzir novamente suas cervejas. A decisão foi informada pela empresa em abril de 2022.

No site oficial da empresa, é possível notar todos os produtos disponíveis e ela está operando normalmente, atendendo as normas da Anvisa afim de levar qualidade para a mesa dos consumidores.

No entanto, um mês depois ao anúncio da volta da Backer, o Ministério da Justiça decidiu multar a cervejaria mineira em quase R$ 12 milhões pela contaminação de lotes de cervejas que matou dez pessoas e deixou ao menos 14 com sequelas, no final de 2019. A notificação foi publicada no dia 27 de maio daquele ano, no Diário Oficial da União.

Segundo informado pela Secretaria Nacional de Defesa do Consumidor (Senacon), vinculada ao ministério, a cervejaria não realizou o recall exigido pelas autoridades sanitárias, para retirada dos produtos dos mercados, “que orientasse clientes a parar de comprar e ingerir seus produtos”, disse o governo.

“Toda vez que houver infração que prejudique a saúde, segurança, a boa-fé dos compradores ou se ignore sua vulnerabilidade, o Estado vai agir para defendê-los”, afirma o ministro da Justiça, Anderson Torres. A pasta se baseou em laudos do Ministério da Agricultura e nas investigações policiais.

Famílias sofrem à espera do julgamento

A empresária Eliana Reis, de 56 anos, define o processo de julgamento do Caso Backer como extremamente lento. Viúva de José Osvaldo de Faria, que morreu aos 66 anos, intoxicado pela cerveja Belorizontina, a empresária contou ao site O Tempo, que cobra por celeridade e uma resposta mais ágil da Justiça sobre o caso. “Eu quero que façam justiça por ele (o marido), que os juízes possam debruçar nessas lacunas que estão sendo apresentadas. A irresponsabilidade e a maldade foi muito grande. Meu marido foi arrancado da gente”, desabafa.

Pouco mais de três anos após os primeiros casos, a Justiça iniciou na última semana de março deste ano, a segunda fase do julgamento dos donos da cervejaria. Eles podem responder pelos crimes de homicídio culposo e também por lesão corporal. A pena prevista para homicídio culposo é de até três anos de prisão, e de lesão corporal de até um ano. O processo leva em consideração a morte de dez pessoas, e as sequelas e impactos deixados na vida de outras 19 vidas após terem consumido a cerveja contaminada.

A segunda fase do julgamento deve contar com o depoimento de cerca de 60 pessoas, que são testemunhas de defesa da cervejaria Backer. Os depoimentos serão tomados no Fórum Lafayette, a primeira instância da justiça estadual em Belo Horizonte. A segunda fase do julgamento pode durar cerca de onze dias. No primeiro dia dessa etapa, cerca de dez pessoas foram ouvidas. Essa etapa faz parte do processo, mas a decisão ainda não possui data para ser divulgada.

“O tempo da justiça não é o tempo que gostaríamos de ter. A gente merecia um retorno mais rápido para o que aconteceu. Mas sabemos que eles estão trabalhando muito para dar uma resposta ao caso”, avalia o engenheiro metalúrgico Luiz Felippe Teles Ribeiro, de 39 anos. Ribeiro sofreu intoxicação por dietilenoglicol após beber a cerveja contaminada em uma festa com a família no dia 22 de dezembro de 2019.

*Com informações do site O Tempo

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