Golpe do falso agiota faz vítimas pelo Instagram: “estava desesperado”

Que a internet tem sido o cenário perfeito para a prática de golpes isso não é novidade, mas segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2023, o número de estelionatos no Brasil mais que quadruplicou nos últimos anos, contabilizando quase milhões de casos do crime só em 2022. Continue lendo e saiba mais sobre quais os tipos de crimes mais conhecidos na internet para se proteger de possíveis golpes.

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Golpes na internet aumentam em mais de 300% desde o ano passado. Veja como se proteger. Imagem: arquivo / FreePik

Agiotas do Instagram

Os crimes na grande rede não são mais novidade há um bom tempo, mas a criatividade dos criminosos para encontrar novas vítimas desavisadas está avançando a passos largos, Segundo apontou o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2023, o número de casos de estelionato no país aumentou mais de 300% só em 2022, vitimando quase 2 milhões de pessoas.

O aumento está ligado diretamente a variação de táticas criminosas que os golpistas utilizam, principalmente nas redes sociais, como Instagram e WhatsApp. Usando fotos de crianças, influenciadores e outras figuras públicas, os golpistas se passam por agiotas no Instagram para tirar dinheiro de quem busca empréstimo fácil na plataforma.

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Entenda como funciona o golpe

Basta escrevera palavra “agiota” no campo de busca do Instagram para ter acesso a uma grande lista de supostos profissionais que dizem oferecer o serviço de empréstimo de dinheiro sem muita burocracia.

Agiota Verônica, agiota Laura, agiota Marcos, agiota Luiz Eduardo, agiota Juliana: teoricamente de cara limpa e muitas vezes com fotos produzidas, os especialistas exibem posts com imagens de viagens, carros luxuosos e muito dinheiro. Para quebrar o ar de ostentação e passar uma falsa aparência de um profissional sério e mais humano, é possível ver também posts com imagens dos chamados momentos em família, muitas vezes na companhia de crianças.

Nos stories desses perfis também é comum o usuário ver os famosos “cases” de sucesso, onde há centenas de propagandas promovendo o negócio, prints de transferências bancárias e vídeos de “clientes” agradecendo pelos serviços prestados. Vários deles têm milhares de seguidores.

A armadilha varia de perfil para perfil, mas as vítimas em potencial são sempre do mesmo tipo: pessoas que precisam de empréstimo pessoal, mas que não tem acesso ao recurso através de bancos ou até mesmo estão com seus nomes negativados.

Os perfis que tentam (e conseguem) passar credibilidade a quem busca por ajuda financeira não são de agiotas, mas de golpistas. Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), a Divisão de Crimes Cibernéticos (DCCIBER) do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) está em constante monitoramento de prática de crimes nas redes sociais, na busca por identificar os criminosos digitais.

Agiotagem x Estelionato: é crime?

Segundo especialistas em direito penal e criminal, a resposta é sim, agiotagem e estelionato são consideradas práticas criminosas.

Agiotagem

  • “Se a pessoa pede taxas abusivas, com juros excessivos e superiores ao permitido por lei, sem possuir uma empresa legalizada para tal fim, fugindo das regras, comete o crime do artigo 7º da lei 7.492 de 1986”, explicou Lucie.
  • Na lei, agiotagem é definida como o crime de emitir, oferecer ou negociar, de qualquer modo, títulos ou valores mobiliários sem autorização prévia do órgão competente, que é o Banco Central do Brasil”, completou. A pena é de dois a oito anos de reclusão, além de multa.

A prática de agiotagem também pode ser enquadrada no artigo 4º da lei é 1.521 de 1951, a Lei de Crimes Contra Economia Popular, que descreve o delito como sendo o ato de cobrar juros e outros tipos de taxas ou descontos superiores aos limites legais ou realizar contrato abusando da situação de necessidade de outra parte para obter o lucro excessivo. A pena é de seis meses a dois anos de detenção, além de multa.

Estelionato

  • Previsto no artigo 171 do Código Penal, o crime de estelionato ocorre quando alguém obtém vantagem ilícita em prejuízo das vítimas, seja induzindo ou mantendo alguém em erro mediante qualquer meio fraudulento. A pena é de um a cinco anos de reclusão e multa;
  • Neste caso, os golpistas fingem ser pessoas que não são, oferecem um serviço que não será fornecido e, no final, ganham dinheiro de forma fraudulenta.

O que diz a Meta, empresa responsável pelo Instagram e WhatsApp

Segundo informações do g1, em recente reportagem sobre golpes em redes sociais, a Meta, empresa dona do Instagram e do WhatsApp, declara que atividades fraudulentas, que tenham como objetivo enganar, deturpar, cometer fraude ou explorar terceiros, não são permitidas na plataforma.

“Recomendamos que as pessoas denunciem quaisquer atividades suspeitas no Instagram através do próprio aplicativo”, diz o texto.

A empresa também compartilhou um tutorial de como denunciar conteúdos que possam estar violando as diretrizes do aplicativo:

  • Toque em “…” na parte superior direita da publicação;
  • Toque em “Denunciar”;
  • Siga as instruções na tela

“Ao denunciar uma conta ou publicação, suas informações não serão compartilhadas com a conta cuja publicação ou perfil você está denunciando”, informou.

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