Por que a Caixa foi condenada a pagar R$ 10 MIL para mulher trans

Caixa condenada na Justiça? Uma decisão histórica promovida pela Turma Recursal da Justiça Federal em Alagoas (JFAL) demonstrou avanços expressivos na luta contra a discriminação de gênero no Brasil. A Caixa Econômica Federal, um dos principais pilares do sistema financeiro nacional, foi condenada a pagar uma indenização no valor de R$ 10 mil a uma mulher transexual, vítima de constrangimento em uma de suas agências.

Por que a Caixa foi condenada a pagar R$ 10 MIL para mulher trans
A Caixa Econômica Federal foi condenada a pagar uma indenização de R$ 10 mil à mulher transexual. Crédito: @jeanedeoliveirafotografia / noticiadamanha.com.br

Caixa é condenada a indenizar cliente

Essa decisão decorre de um episódio relatado por uma mulher transexual que, ao visitar uma agência da Caixa no complexo residencial Benedito Bentes para tratar de questões relativas à sua conta bancária, foi confrontada por um funcionário que insistiu em tratá-la pelo nome que constava em seu documento de identificação, em vez de utilizar seu nome social. Este ocorrido, segundo a vítima, causou um grande constrangimento, mesmo após expressar sua preferência pelo nome social.

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Para chegar à decisão de condenação, foram considerados diversos fatores, entre eles: a gravidade do insulto, a inocência da vítima, sua condição socioeconômica, o período em que a Caixa manteve-se indiferente à situação e a capacidade financeira da instituição. A indenização, além de servir como reparação do dano causado, também possui um caráter educativo, visando desencorajar comportamentos discriminatórios e ofensas à dignidade humana.

Em sua defesa, a Caixa Econômica Federal alegou que o funcionário envolvido na situação teve conhecimento do nome da cliente apenas depois de um desentendimento público ocorrido na agência, conforme documentado no processo. A instituição ressaltou que, em nenhum momento, houve desrespeito ao Código de Defesa do Consumidor, e que o evento não resultou em qualquer prejuízo para a mulher transexual.

Entretanto, a Turma Recursal da JFAL reconheceu que o episódio configurou uma violação aos direitos da personalidade da mulher transexual. De acordo com a decisão, o banco, enquanto instituição, deveria ter tomado medidas proativas para assegurar o respeito à sua identidade de gênero.

Decisão significativa

Essa decisão, que representa um marco significativo na luta contra a discriminação de gênero no Brasil, foi proferida em junho de 2023. Cabe ressaltar, no entanto, que ainda existe a possibilidade de recurso à Turma Nacional de Uniformização (TNU) e ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Independente do desfecho final, a decisão da JFAL constitui um importante passo para a afirmação dos direitos das pessoas trans, e serve de reflexão para todas as instituições que lidam com o público, evidenciando a necessidade de um atendimento humanizado e respeitoso para todas as pessoas, independentemente de sua identidade de gênero.

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